sábado, 16 de julho de 2011

Como você pensa?

   Por muito tempo – muito mesmo – eu carrego uma dúvida curiosa e aparentemente sem resposta. Eu não sei se já pensou nisso, mas deve concordar que é uma questão interessante: como você pensa? Pergunte-se mentalmente, como se perguntasse a outro alguém. Sabemos como pensamos, mesmo que não possamos explicar, mas saber como o outro pensa é uma questão a se pensar. Isso porque nada é igual dos dois lados da TV. Aqui, do lado de fora, não há como ler mentes e prever ações. É engraçado tentar imaginar o modo como as pessoas desenvolvem esse atributo. 
   Tentando explicar o meu ponto de vista [ou de pensamento], algumas coisas passam como janelas de mensagem aqui dentro, outras passam em flashes, algumas vem como em quadrinhos e outras, mais longas, aparecem como um filme, onde eu posso ser um personagem, um espectador ou apenas o diretor. Dê-me umas músicas e está pronta a trilha sonora, enquanto as imagens reproduzem-se no grande cinema de ilusões. Outras vezes, quando o tema é tomar decisões, então o universo aqui dentro se divide em todos os ‘eus’ que existem em mim [assunto do próximo post], rodeando uma grande mesa onde as questões são apresentadas e discutidas. Em outras palavras, esse é o meu jeito ‘sala de reuniões’ de pensar.
   Por outro lado, quando preciso de um conselho que sei que só eu posso dar, então chamo o Conselheiro e juntos chegamos ao que se chama de ‘suposto melhor caminho’. Nesse ponto, a mesa de reuniões sai de cena e da lugar a algo como um divã – eu prefiro a versão da sala de estar com a mesinha de biscoitos. Há também o modo ‘página em branco’, especial para os momentos onde tudo o que eu quero é simplesmente parar e não pensar em nada. Quando, porém, me dedico à minha doce matemática, a assuntos científicos, acadêmicos ou relacionados à lógica, minha mente se transforma em um grande quadro-negro, onde eu me sinto livre pra escrever equações, fórmulas, calcular incógnitas, resolver problemas e outras variáveis. 
   O modo ‘descontração’, por sua vez, é um dos meus preferidos, onde eu posso pensar livre, com todos os ‘eus’ dos quais tiver vontade, sem preocupações, conversando com eles como se com um amigo. Esse é, ao mesmo tempo, o tipo mais confuso e desorganizado entre todos, pois aqui não há uma ordem de imagens, nem uma reunião de cadeiras marcadas, nem mesmo uma sala arrumada com uma mesa e biscoitos. Quando penso descontraído, acabo sendo distraído. Aí, então, tudo se movimenta ao mesmo tempo, com flashes, filmes e janelas, vozes e música, assuntos sem nada em comum encontrando-se em meio à festa. É uma bagunça; uma bagunça divertida. Quando inspirado, o recurso ‘caixa de texto’ se torna presente. É quando os versos e composições começam a ser escritos, quase que involuntariamente, com a ajuda de alguns ‘eus’ que entendem bem do assunto. Deixei pra falar por último [o que não significa que não haja outros] sobre o meio de pensamento no qual eu passo bastante tempo, inclusive enquanto produzo meus textos [quando não são obras de inspirações específicas]: o modo ‘oficina’. É aqui onde acontecem as grandes produções, de onde vem as idéias e algumas descobertas. É como a fábrica de brinquedos do Papai Noel, um lugar mágico e incrivelmente grande, que exige, na maioria das vezes, um esforço ‘a mais’ do meu universo mental; esforço que vale a pena, eu digo. É no modo ‘oficina’ onde eu guardo minhas criações mais interessantes. É onde eu me sinto bem expondo minhas idéias – todas elas, mesmo as que eu me sinto tímido para exteriorizar. Aqui, até meu ‘eu’ mais preguiçoso se anima a trabalhar. Ta, vamos prosseguir sem hipérboles: é o lugar onde os menos dispostos não tem vez
   Essas são apenas algumas das atmosferas geradas e que movem as engrenagens do grande Pensador. São as responsáveis pelas chamadas ‘atividades mentais’ e, entre nós, onde eu passo a maior parte do tempo. Bom, isso fui eu tentando explicar como eu penso. Mas e você, como pensa? Afinal, essa é questão que me prende. Será que todos temos um padrão de pensamento, ou este é individual, criando em cada um uma atmosfera totalmente peculiar e distinta de todas as outras? Gostaria de, um dia, poder desvendar o que se passa além da carne e, ainda mais interessante, como isso acontece. Será que todos pensamos antes de dormir ou quando tomamos banho? Será que da mesma forma, independente do assunto que se pense? Ou quando estamos totalmente desligados, olhando pro nada, será que estamos dentro de mais um padrão mental? São questões complicadas, mas que eu me animo em poder compartilhar. É muito bom poder botar tudo isso pra fora, após ter imaginado em uns flashes, discutido na sala de reuniões, perguntado ao Conselheiro, planejado no quadro-negro, desenvolvido na caixa de textos e, finalmente, finalizado e embalado na grande oficina. Afinal, não seria justo uma discussão como essa terminar na solidão de uma página em branco. Então pense, pense mesmo, note como é seu modo de organizar essas idéias e tente perceber como os demais fazem isso. Pense sim, da forma mais descontraída que puder, antes de levar o assunto a um patamar mais ‘sério’. Só cuidado para não se distrair, porque por mais divertido que seja, isso nunca vai te levar a um foco.
   Agora é sua vez de me dizer: como você pensa?

Um comentário:

  1. Ja faz um bom tempo que eu li esse texto e até agora não consegui comentar! Finalmente aqui estou eu.
    Não tem como dizer que esse texto é bom.
    É inspirador. É muito inteligente pra falar a verdade! Eu adorei.
    Enquanto eu lia lembro que eu me via em algum momento da minha vida com cada "modos" desses que você explicou em 'on' hAhaAha
    Mas eu pensando sozinha (apesar de conseguir refletir no que eu penso, das mesmas formas que você descreveu) não consigo pensar como eu penso!
    Eu não sei, acho que penso automáticamente porque quando eu resolvo mesmo pensar, aí mesmo que não penso, logo não sei explicar como eu penso! Oo
    Deu pra entender? Oo²
    Em fim, parabéns! =D

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