sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Pois não. Em que posso ajudar?

Faz realmente muito tempo desde a última postagem. Muito tempo desde a última vez que li alguns dos textos aqui do blog. Relendo-os, lembrei de forma nostálgica do que sentia ao escrevê-los. Era divertido, curioso. E, não importando se os textos fossem lidos ou não, eu me sentia fazendo algo útil (mesmo que apenas a mim mesmo). E é exatamente sobre sentir-se útil que eu gostaria de escrever agora.
Passados meses desde o meu início no Mestrado em Matemática pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, eu volto a me perguntar: O que é que eu quero mesmo? Na verdade, a pergunta que realmente importa é: O que é que Deus quer pra mim? Tenho me questionado sobre isto ao passo que cresce em mim a necessidade de ser ou fazer algo importante para alguém. Entenda, é bem verdade que em qualquer profissão que eu escolhesse eu estaria contribuindo de alguma forma para a sociedade, mas o que eu busco saber é se eu posso ou devo alcançar lugares mais profundos, profissional e (principalmente) espiritualmente.
Até o momento, existem duas carreiras que me chamam atenção: Professor universitário e Profissional de animação da Pixar (isso mesmo). Mas, espera, o que eu teria de significativo pra oferecer a alguém trabalhando nestas áreas? A docência sempre me pareceu um caminho muito nobre e inspirador, é verdade. Mas será que eu faria falta caso não optasse por segui-la? Há e sempre haverá inúmeros indivíduos mais capacitados do que eu para estas posições. Mais ainda para a carreira em animação! É possível, então, que exista um papel em algum lugar no mundo aguardando que eu tome a iniciativa e desenvolva-o? Um trabalho que seja decididamente útil na vida de alguém e que ninguém tenha assumido ainda? Peço a Deus que me oriente.
Nos últimos dias, assisti alguns vídeos sobre experiências missionárias e relatos sobre o quão gratificante é sentir que está fazendo a coisa certa. Então me vi, não pela primeira vez, empolgado com a ideia das missões. Por algumas noites refleti sobre as possibilidades e até pesquisei para tentar entender como conquistar oportunidades como as daquelas pessoas dos vídeos. Não encontrei muita ajuda. Ainda espero, apesar disto, ter a chance de fazer parte de movimentos como aqueles durante a vida. Ironicamente, porém, simultaneamente a esses questionamentos, recebi o que seria talvez uma das maiores oportunidades para um recém graduado em licenciatura: Lecionar em uma universidade. Claro que não efetivamente (afinal, nem mestre sou ainda), mas por este semestre, de forma contratual. Foi uma surpresa, evidentemente. Confesso que ainda me sinto despreparado para o cargo, mas acredito que aceitando-o encontrarei, além da incrível experiência e aprendizado, pistas para solucionar as questões que narrei nos parágrafos acima. Assim, para quem estiver lendo, peço que reze por mim. Preciso receber a sabedoria que me falta para tomar as decisões certas e evitar me arrepender de ter perdido tempo. E que, seja em salas de aula, em estúdios da Pixar ou em missões pelo mundo, eu encontre alegria e felicidade em suas formas mais generosas: Sendo útil.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Desencontros

Algumas vezes eu me perco. Em todas elas, eu me acho. Nem sempre sei o que fazer depois disso. Encontrar-se, é sempre o fim? Em contos da Disney, talvez. Bastaria entrar as palavras 'The End' e logo imaginaríamos que além do final, todo o resto seria feliz. Aqui não. Um dia bom não é sempre o último dia; Descobrir o amor da sua vida não te livra de problemas futuros; Passar no vestibular é o fim? Bah, é só o início. E encontrar-se NÃO é suficiente! Porque sempre podemos dar um jeito de nos desencontrarmos novamente. É uma luta. Não, estou sendo otimista. São várias lutas! Algumas delas aparentemente impossíveis de serem ganhas. Elas te derrubam, te arrastam, te sufocam, destroem e destroçam você. Mas são, no fim, apenas lutas. Porque sempre podemos dar um jeito de nos encontrarmos novamente. Quem de nós não busca o seu final feliz? Quem de nós não almeja a utopia de não mais sofrer, de viver cada dia com saúde, alegria e felicidade absolutas? Não conheço precedentes, mas isso não me impede de continuar buscando. As dores existem, mas não é atrás delas que devemos correr (mesmo porque não precisamos, elas vem por conta própria). É sempre o momento de tentar o impossível! Ser plenamente feliz e vencer o mal armado apenas de fé e coragem parecem metas impossíveis. Tentemos! Não direi que não custa; Custa. Mas desistir e aceitar a dor, a tristeza e a infelicidade custam, no final, muito, muito mais. Posso estar perdido, mas ponho-me a me procurar. Posso estar caído, mas um de meus braços puxará o outro e me levantará. Porque encontrar-se não é, de fato, suficiente; mas encontrar-se é, de fato, necessário

sábado, 6 de abril de 2013

Meu amigo L.A.

   Olá, Deus! Estou entrando em contato para tratar de um assunto que diz respeito a um produto adquirido por mim através da Sua empresa. Gostaria de informá-Lo que estou devolvendo-o. O produto em questão apresentou grande dificuldade de manuseio, visto que não veio com ele qualquer manual que pudesse servir-me de auxílio. Por todos esses anos o usei de maneira inadequada e tenho percebido as implicações que isto me traz. Assim, sinta-se à vontade para tomar posse dele o quanto antes. Uh, como é? Não aceita devoluções? Eu entendo que foi um presente, ou como queira chamar, mas não posso continuar a utilizá-lo desta maneira. Percebe o quanto posso prejudicar a mim mesmo e aos outros? Deus, eu peço: tome-o de volta! Este não é o tipo de produto que eu possa simplesmente não utilizar, guardar na gaveta ou depositá-lo na lixeira como se tudo passasse a estar resolvido. Eu e ele estamos costurados um ao outro. Ele está comigo em cada passo, toma comigo cada decisão e, meu Senhor, isso tudo é problemático demais! Como disse, não está ao meu alcance fazer bom uso dele. O Senhor insiste que sim, não é? Sei que fabricou-o para mim e que, embora todos tenham recebido da mesma forma, nunca ninguém poderá decidir sobre o meu, senão eu mesmo. Não cederá ao meu apelo desta vez, certo? Sendo assim, faço-te outro pedido: ensina-me a fazer deste produto objeto de evangelização, cumprindo o objetivo selado nele. Na falta de manuais, que eu possa receber diretamente de Ti instruções para o melhor uso possível deste presente dado e confiado a mim. Esforçar-me-ei para compreendê-lo. Certo, Deus, eu agradeço. Volto atrás na minha decisão de devolver o que, admito, é um dos maiores sinais do imenso amor que tem por mim. Perdão por esquecer-me disto. Tentarei ao máximo manter uma convivência agradável com este produto.. presente.. este meu amigo, o livre arbítrio. Retornarei informando sobre o processo. Não descosture-o de mim ainda, Deus.. por favor.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Pique Bóia

"(...) 48, 49, 50. Prontos ou não, aí vou eu!" Ainda não era tarde, mas já não era cedo também. Ele tirou os braços da parede e... "1, 2, 3, pique bóia Rafael!" Atrás do contador valia? Tecnicamente, não havia regra alguma que invalidasse o ato. "É pique-esconde. Não se esconder não vale!", disse o primeiro. "Mas eu estava escondido, bem atrás de você!", exclamou o segundo. A questão é: Quem tinha razão? O primeiro? O segundo? A parede? Eu ou você?
'Ponto de vista' é uma expressão que realmente faz sentido. A razão às vezes depende - ou parece depender? Acontece que há tantas versões para uma situação quanto há loucos na Literatura. Todos nós temos o direito de 'achar' isso ou aquilo ou qualquer coisa que possa ser indicada por um pronome demonstrativo. O primeiro achou que era trapaça prostar-se atrás de quem contava; o segundo achou aceitável e legalmente executável aquilo que fez; eu acho... Enfim, pouco importaSei que nada sei. Mas além de nada, sei também que enquanto houver pessoas e, consequentemente, formas diferentes de pensar, os pontos de vista continuarão chocando-se, as opiniões lutando entre si e a concórdia vagando à procura de um lugar para ficar. Isto porque o ser humano é tão apaixonado pela razão que se faz mais preocupado em garantir que a tem do que em realmente refletir sobre o que diz a oposição. Assumir que está errado é coisa da qual ele foge - da qual fugimos. É  humilhante demais, vergonhoso demais. O orgulho parece ser mais lucrativo, muito mais. Se é? Eu acho que não. Você pode duvidar, se quiser; pode achar o que quiser. Mas esse é meu ponto de vista, do tipo que eu defendo com bons argumentos. 
E se vierem me perseguir por causa disso.. 1, 2, 3, pique bóia Gabriel!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Entre 1h e 2h da manhã

   Há coisas que são necessárias para a vida. E há coisas que são necessárias para um momento - para este momento. Coisas estas que não são adiáveis, pelo fato simples de que dependem, e dependem mesmo, de emoções. E, meu amigo, você nunca viverá duas vezes uma mesma emoção, acredite. É coisa de instante, de segundo, de piscar os olhos e correr o risco de não estar mais sentindo o mesmo que sentia no instante, no segundo, no piscar anterior. Escrever agora, sobre qualquer coisa, é necessário para mim. Porque eu senti. E sei que não sentirei o mesmo amanhã, ou daqui a alguns minutos, talvez. Para a sorte de pessoas como nós, porém, existem fatores externos que interferem diretamente na duração de uma emoção. E não consigo pensar em nenhum mais propício do que aquele que me motiva neste momento: A MÚSICA. Emoção, sentimento e música, que harmonia perfeita! E é esta harmonia que move os meus dedos cuidadosamente sobre o teclado agora. Cuidadosamente, pois eu preciso que haja uma intimidade muito forte entre o que sinto e o que escrevo. É como um malabarista em uma fina corda sobre uma altura fatal dali à sua arena. Neste momento, não posso deixar que uma gota de suór, sequer uma gota, pese o suficiente para me desiquilibrar e me distanciar daquilo em que me apoio agora. Do contrário, não haverá volta. A corda sempre existirá, mas nunca mais me equilibrarei sobre a mesma outra vez. E NÃO, não preciso de sentido pra textos como este. Preciso de uma e apenas uma pequena coisa: Emoção. E que seja constante, para que o prazer de desenhá-la por estas letras também seja. Já deve ser por volta da sétima vez que ouço a mesma música, e creio ser o momento de deixar a emoção partir. Isto também é necessário. Nada dura para sempre, é bom que seja assim. Em breve, outras emoções virão, e tentarei aproveitá-las bem, como aproveito a de agora. Talvez não consigam lê-la, sentir um rastro dela, ou mesmo entender o porquê de eu estar narrando tudo isso [talvez nem eu mesmo compreenda ao ler isto amanhã] Não importa. Essa é a minha emoção, e isso é apenas o que ela me pede para escrever. Ouça uma música que te emocione. Diga 'eu te amo' a quem estiver mais perto de você neste ou nos próximos instantes (e não faço idéia do porquê de eu estar sugerindo isto). Seja você e, assim, saiba ouvir a si. [...] Ela se vai, e como toda boa emoção, leva consigo as boas palavras que a acompanham. Por fim, sem estas palavras, me despeço. Afinal, há coisas que são inevitáveis na vida e, por sua vez, há coisas que são inevitáveis em um momento - neste momento.
Até logo.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Sobre a morte e o moço

Era o teu desejo que lutava em pulsar no sempre sóbrio coração daquele moço. Sóbrio por fé e talento dele, apenas. Afinal, no depender de ti, embriagado agora estaria. Teu álcool o teria envolvido, no depender de ti.  E teu, então, ele seria, no desejar de ti. Em teu mórbido coração, se assim pode-se dizê-lo, contorcia-se uma vontade sombria de possuir-lhe. Resistia-te, ele - com força impressionante, a irritar-te profundamente. Jogavas rosas banhadas em éter, em veneno banhadas, banhadas de morte. Ainda assim, resistia-te aquele moço - resistia-te ainda mais aquele moço. Ao invés das rosas, preferia os galhos secos, não tocados por tuas garras, não notados por ti. Mas aquele moço, ele notava. Notava tudo o que de mais simples o rodeava, tudo o que tu jamais pensaras tomar uso em teus maus planos. Notava e usava disto em favor próprio. E ensinava a outros como favorecer-se da pequenez. Teu desejo em dominar-lhe aumentava sensivelmente, assustadoramente. Tua ira e a inquietação tua deformavam-te. Seguias tornando-te, desde o início, a mais bizarra das criaturas. Tentavas por-lhe medo com tua feiura, mas a coragem dele terminava por amedrontar a ti. Era ele um moço especial, não havia dúvidas. Por fim, decidiste, tomado de uma cólera fervorosa e um desejo mortal, a vida tirar-lhe. Qualquer de suas armadilhas até ali havia falhado. Restava a ti apenas este imundo e asqueroso método. Ó, quão desprezível foras. Aproveitar de um plano alheio e bondoso de vida plena para saciar os teus impulsos de morte. Levado deste mundo, então, ele foi. Homem indigno de tal fim. Esplêndido em toda sua vida. De simplicidade e caridade jamais vistos. Era justo por natureza, herdeiro de um poder sem dimensões. Pela morte deixou-se tomar. Alegrava-te assistir às últimas cenas daquele moço antes de partir. Alegrou-te ainda mais a sensação vã de tê-lo derrotado. Tua casa em festa estava. Todos os convidados da tua maldita ceia dançavam em torno daquele desfecho fúnebre. Por tempo curto, no entanto. Em contados três dias, os muros de tua podre caverna tremeram, partiram-se, desabaram. A morte que preparaste perdia o gosto e a forma. Ouviam-se gritos e gemidos ao passo que aquele moço, aquele mesmo moço, nobre e bondoso, atravessava as portas do cativeiro em que fora alocado, levando consigo aqueles privados da vida que agora sorriam, entre cantos de esperança, ao segui-lo. Ao exato terceiro dia, a força e herança de um homem prevaleceu por completo sobre um reino de asco e podridão, mostrando a todos aos quais um dia ensinara que o início (e seus reinícios) é superior ao fim. Ele, o moço de coração sóbrio e grandiosamente humilde, foi vitorioso em sua épica batalha contra a morte. De espírito puro e nome Jesus, aquele moço tornou-se o exemplo vivo de que é possível acreditar, de que é possível enfrentar o mal e vencê-lo, se houver confiança em seu poder, no poder do seu espírito e no de seu Pai, do qual herdara sua virtude. É o seu desejo que luta até hoje em pulsar em nossos corações embriagados. E, despido da menor sombra de dúvida, no depender dele, todos os homens da Terra a morte venceriam.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quer dizer FALSO, em português

Era uma vez um mundo de mentira; e era uma vez eu, neste mundo de mentira. Eu vivia ali, eu sorria ali, eu amava ali - de mentira. O dia, a noite, as paredes, as estradas, as pedrinhas nas estradas e até o Papai Noel... Eram de mentira. A própria verdade era de mentira. E sabe... Eu gostava daquilo. Não tinha nada a ver com a mentira porque, afinal, ela não enganava ninguém. Todos sabiam que era mentira: meus amigos de mentira, minha família de mentira, meu cachorro de mentira. Não era pela mentira, mesmo. Eu gostava da sensação de criar a minha própria história, que não podia ser de verdade, mas que era também minha - moldada por mim. Como brincar de Deus, embora essa não fosse a intenção. Era divertido, emocionante, surreal. As coisas iam bem por lá, enquanto possível. Iam bem, até o momento em que eu percebi que aquele bacana mundo de mentira estava se tornando um triste mundo de mentiraS (nota a diferença?). Não sei dizer se era certo ou errado continuar ali, até onde aquilo tudo era uma brincadeira ou não. Eu sei que, naquele ponto, eu me senti mal por estar tão distante da verdade. Me decepcionava assistir as pessoas (personagens, como quiser) aproveitando do anonimato - possivelmente sadio - para interesses próprios e, nestes casos, maléficos para com os outros. Era um mundo de mentira, vulnerável, assim, às mentiras. E estas tinham um poder enorme ali. Ainda não era tarde quando eu me vi afundando em algumas delas, rodeado por algumas delas, sufocado por algumas delas. Então eu morri. De mentira, no mundo de mentira, eu morri. Morri para viver a verdade, somente a verdade, no mundo de verdade. Claro que existem mentiras, mas elas já não tem o mesmo poder por aqui. Uma troca de olhares nos diz muito. Um sentimento real, mais ainda. Não temos solução para acabar de vez com a mentira, é verdade. Pelo menos enquanto existirem seres humanos no mundo - e enquanto alguns deles enxergarem apenas a si mesmos. Mas, sabe, essa é a realidade que precisamos enfrentar. Aqui, as mentiras são de verdade, as verdades são de verdade, o Papai Noel é de verdade. Aqui, a felicidade é de verdade, o futuro é de verdade, as pessoas são de verdade. E aqui, o que é mais importante, Deus é de verdade! E nenhum de nós exerce melhor a ação de criar e modelar histórias como Ele. Apenas Ele faz isso de verdade. E é uma honra imensa tê-Lo como Autor de uma história onde eu sou o personagem (pessoa, como quiser) principal - uma história total e unicamente minha. E eu posso afirmar: não há mentira no mundo forte o suficiente para me tirar isso.
" Era uma vez um mundo de verdade; e era uma vez eu, neste mundo de verdade. "

sábado, 22 de setembro de 2012

Leia devagar... Bem devagar

É impressionante como começar um texto com a expressão "é impressionante" excita a curiosidade do leitor. Por outro lado, usar "por outro lado" na sequência dá um ar de leveza ao ambiente. É como se não fosse necessário valer-se de um "é como se" para que as analogias simplesmente aparecessem. Confuso, não? Pois convenhamos: a entrada de um "confuso, não?" após o terceiro ponto final de uma discussão puramente abstrata e aparentemente sem sentido obriga o leitor a concordar com o texto, mesmo sendo capaz de compreendê-lo. As palavras tem poder. E prender esta última frase entre aspas não seria necessário, apesar de coerente ao contexto. Isto porque, assumamos, em nenhum outro momento durante a leitura nos sentimos tão aliviados e esclarecidos quanto neste. Por fim, poupar conclusões longas e estruturadas se faz uma saída conveniente, já que o próprio "por fim", em si, já contou tudo.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Processo, processo meu

   Eu queria aquilo pra mim. Queria viver o que eles viviam. Eu queria muito sentir e experimentar exatamente como eles sentiam e experimentavam aqueles momentos. Eu desejava os processos deles. O que eu não entendia é que desejar os processos de alguém significa querer ser como esse alguém, ter vivido a mesma história e partilhar das mesmas necessidades desse alguém. Mas esse alguém não era eu. Os processos desse alguém não me serviriam. Eu tinha os meus próprios processos, guardados no meu interior, quase esquecidos. Bastava olhar para dentro. [ ... ] Agora eu compreendo. Na verdade, estou compreendendo. Acho que criei um processo para entender meus processos, e parece estar dando certo. Almejar qualquer coisa que pertença ao outro e fechar os ouvidos para a voz que te orienta a buscar os seus é, acreditem, perda de tempo. Meus processos são importantes e, o que é melhor, são apenas meus. Hoje eu venho buscando vivê-los com muita esperança de que esse é o melhor caminho - para mim, só. Por mais incrível que a vida de alguém pareça ser, eu nunca serei feliz enquanto quiser viver do mesmo jeito. Meus processos são definidos por quem eu sou. Os seus, por quem você é. Compreendendo isso, tudo se torna mais... Natural (e esse é o primeiro passo pro que chamamos 'felicidade'). Ser feliz é viver bem na plenitude da sua natureza, da sua essência. Finalmente eu entendo muito melhor tudo isso. Viver aquilo que eu sou, aquilo que eu fui criado para ser: isso sim não tem preço.

Transbordando

   Outro dia eu li algo sobre o amor de Deus. Claro que eu já havia lido e ouvido muito sobre isso, mas foi diferente dessa vez. Pode ter a ver com meu 'novo olhar sobre as coisas' (eu até ouso dizer que realmente tem), mas o pensamento descrito ali me chamou mesmo muita atenção. Era, na verdade, uma pergunta sobre a razão pela qual fomos criados. E foi na resposta onde encontrei o motivo dessa partilha: Fomos criados pelo excesso do amor de Deus! Para ser exato e não perder nenhuma informação, eis aqui a questão que me motivou a pensar com muito mais carinho sobre esse amor imenso, retirada sem alterações do YouCat, o Catecismo Jovem da Igreja Católica:
"Por que Deus nos criou?
Deus criou-nos por livre e desinteressado amor.
Quando uma pessoa ama, o seu coração transborda.  
Ela deseja partilhar a alegria com os outros.
Nisso ela parece-se com o seu Criador.
Embora Deus seja um mistério, podemos pensá-l'O de um modo humano e dizer:
Ele criou-nos a partir do 'excesso' do Seu amor.
Ele queria partilhar a Sua infinda alegria conosco, criaturas do Seu amor."
   Ele já nos amava mesmo antes de nos criar. E amava muito, transbordando. E na alegria de partilhar desse amor, nós passamos a existir. Até hoje Deus nos chama a viver com Ele esse mistério, a partilhar com Ele, a querer buscá-l'O. Não há dúvidas de que o Senhor é bom - bom para com todos nós ( ). Que façamos desse amor motivo suficiente para viver na graça e na obediência de filhos de Deus 'de carteirinha'. E que nos aprofundemos na fé, para assim conhecer mais a Deus e a tudo aquilo que faz a busca da santidade valer realmente a pena.
"Ele criou-nos a partir do 'excesso' do Seu amor." Cara, isso é lindo demais!

sábado, 16 de junho de 2012

A estranha mágica entre você e eu

Eu nunca sei quando é sobre mim. De verdade, eu nunca sei. Certo, talvez em um ou dois ou alguns daqueles textos eu saiba. Mas não sempre. Há vezes em que é difícil distinguir um romance fictício, de mocinhos e mocinhas e paixões e obstáculos e lições de moral, do nosso romance. Nem sempre é simples entender que o ‘você’ dos seus escritos é o mesmo personagem que eu chamo de ‘eu’ nos meus. Existem mistérios nas suas palavras. Eu poderia simplesmente desvendá-los perguntando a você a respeito, mas… O que haveria de fantástico nisso? Não quero que esses passes de mágica se reduzam a truques. A beleza está em não saber se é realmente sobre mim ou não; em discutir comigo mesmo sobre as possibilidades de existir um novo ‘príncipe encantado’ nos seus contos. Então não me conte, obrigado. Claro, enquanto não achar que pode ler a curiosidade por detrás das minhas veias. Com esta exceção, me deixe pensar. Também tomarei conta para que não saiba por mim a respeito do que escrevo sobre você. Descubra, é divertido. Talvez no final possamos terminar esse conto como nas clássicas e românticas histórias que ouvimos na infância. Por hora, eu prefiro a incerteza: ela me permite imaginar o enredo que quiser. Então, por aproveitar a ausência do lobo, do gigante e da feiticeira, aqui vou indo, pela estrada de tijolinhos de ouro, através dos bosques e florestas, atravessando a imaginação e retornando à realidade, onde mora o garoto que mesmo com suas dúvidas, acompanha tudo aquilo que você cria, escreve e posta no seu mundinho virtual
Adoraria dizer que estou escrevendo sobre você, mas… Abracadabra!
 

sábado, 12 de maio de 2012

Escrever, doce escrever

As pessoas escrevem sobre o mal. As pessoas escrevem sobre o bem. As pessoas escrevem sobre as pessoas, também. Escrevem sobre amores e sobre paixões. Sobre o que veem e sobre o que não. As pessoas escrevem para confortar e para serem confortadas. Por vontade, elas escrevem. Por necessidade, elas escrevem. As pessoas que escrevem, escrevem por escrever. Faz bem, mesmo que escrevam sobre o mal. Faz mal, se escreverem sobre ele. Escrever importa. Escrever se torna habitual. Te dá férias do mundo real, sem te distanciar demais dele. Te dá segurança. Não tem faixa etária e nem contra-indicações. Escrevem os senhores e escrevem as crianças. Cada qual sobre o que puder imaginar. Sonhos se escrevem, desejos se  escrevem. Em palavras, tudo se transforma. Mesmo aquilo que não tem forma. Sentimentos e pensamentos se transformam. Nas palavras que quiser, não importa. Escreva ela sobre as coisas vivas. Escreva ele sobre as coisas mortas. Eu escrevo sobre isso e sobre aquilo e sobre o que há entre eles. Eu escrevo sobre escrever. De vez em quando escrevo sobre você. Eu escrevo por gostar. E eu só gosto porque escrevo, porque um dia eu escrevi. Porque, desde este dia, eu não posso mais parar. Habitual se torna, não há dilema. Escrevo aqui uma canção. Escrevo ali um poema. Escrevo pequeno. Escrevo riscado. Escrevo amarelo. Escrevo assim, enrolado. Escrevo normal, como as pessoas costumam fazer. E escrevo um ponto final, quando não há mais o que escrever.
   

Suór e maquinaria

HA’ Esses são os breves últimos segundos de um segredo: A vida NÃO é feita de algodão! E o segredo se foi. Espero que tenha ido em paz e segurança para o céu dos segredos. Mas vai saber, esse é um assunto muito sigiloso. Enfim, enfim, enfim, ela não é! Depois de intensos anos de laboratório e pesquisa, eu finalmente descobri do que a vida realmente é feita. São basicamente dois os elementos que completam a nossa bela vida do parto ao luto. Mas antes... Hoho' Eu arrasei na prova de Álgebra II, cara! tuntitunti  To mega feliz por isso, é. É bom se surpreender consigo mesmo de vez em quando. [...] Bom, o segredo da vida, não é? Foi exatamente onde paramos! Como eu dizia, suór e maquinaria! E não, eu não estava criando suspense. O título da postagem esteve aí o tempo todo. Suór e maquinaria. Não parece óbvio? Pois é, foi o que eu pensei quando cheguei à presente conclusão. Na verdade, eu não tenho certeza se cheguei realmente, mas achei que ‘suór e maquinaria’ soava tão bem que decidi sensacionalizar um pouco a coisa toda. Graças à incerteza, no ‘tudo junto e misturado’, eis que descobri o terceiro elemento! Sim, meus caros blogspectadores, aquilo que completa todo o resto e que, de um certo ângulo, da sentido a este resto. Não não, não falo de Deus. Afinal, Deus não é um ingrediente na receita da vida - Ele é o cozinheiro! Mas bem, mas bom, falemos deste terceiro depois. Preocupemo-nos nós e toda gente com os dois primeiros:
Suór generaliza toda uma classe de atividades físicas realizadas por nós, habitantes das galáxias, de uma forma especial no trabalho, que é parte fundamental da ordem e do progresso da vida humana. O mundo se move conforme nós nos movemos. Há quem diga que são as perguntas que movem o mundo [bah, pontos de vista]. Toda essa atividade, porém, provém de sentido e de uma quase involuntária aceitação de condições. Ou seja, não é o ‘instinto’ que justifica nossas ações. [] Ta, não da maioria das pessoas. [] Ok, de uma certa parcela da humanidade, tudo bem. Sendo assim, portanto, todo o nosso movimento nesse sentido é orientado por uma equipe preparada e ativa, que decide cada passo a ser dado ou não. Trata-se, meus amigos, de um grupo de engrenagens que trabalham sem dias de folga para dar a isso que chamamos de corpo significado e condições para suar (agir). Chamem a esse motivador de organismo, cérebro, ovo no café da manhã, ou como quiserem. Eu prefiro chamar, aqui, de maquinaria (que, pra mim, é um conjunto de todas essas coisinhas legais, menos ovo, óbvio). Então, não é um lindo segredo da vida? Ah, claro, o terceiro: a parte mais importante de tudo isso. A terceira grande matéria-prima da vida tem importância significativa e todos nós devíamos dar maior atenção a ela a partir de agora. Porque, você sabe… devemos nos importar com o que… realmente importa e… a gente não esquece o que realmente importa… não é? Por isso eu gostaria… que vocês não esquecessem desse terceiro elemento, que é… que vocês… sabem qual é, é claro. Desculpem, eu… tenho que ir! Já estou suando e maquinando e eu preciso… de um tempo, pra… pensar… lembrar, pens… Não, eu não quis dizer lembrar, eu quis dizer, er… Esqueçam! Não que eu tenha esquecido, mas esqueçam vocês! Não esqueçam vocês, esqueçam o que eu disse! Bah, só esqueçam. Eu volto pra contar quando... eu lembrar!
Até lá a vida continua sendo feita de algodão. Bah.
     

terça-feira, 8 de maio de 2012

Chega de sidebars

Chega um momento na vida de um homem em que ele percebe que o que realmente importa é aquilo que realmente importa. Eu percebi que sidebars não importam realmente. Importa o conteúdo, importam os pensamentos, importa o originalmente construído, editado e publicado. Importa você e o que você está lendo. Verdade é que ninguém acessa um blog para ler as laterais, o que está à margem das postagens, o que não faria falta se não estivesse ali. São os nossos escritos que importam. São os frutos da imaginação e os relatos da realidade que importam. Então é hora (a qualquer hora) de afinar nossa visão periférica ao que faz diferença. Ao que re-al-men-te faz. Olha pra mim enquanto eu olho pra você. Segue aqueles que seguem o seu caminho. Concentre-se em mensagens ao invés de em 'gifs animados'. Importe-se com o que importa. Não que precisemos espaçolançar ou abismoatirar o que não é principal ou central ou 'realmente importante', mas que saibamos que não são essas coisas que vão nos dar reconhecimento ou qualidade de vida (leve pro lado que mais te atrair). É por isso que decidi: Chega de sidebars. Depois de muito, vi que eu gastava bastante tempo pesquisando o que de novo eu poderia encaixar e empurrar (como num armário totalmente cheio) pelos espaços 'não-postáveis' dessa página. Na verdade eu estava, sem perceber, me preocupando mais com a aparência do blog do que com sua função, afinal. Enfim, percebi. E não que eu tenha deixado de me preocupar totalmente com isso, confesso que fazer blogplásticas virou um hobbie por um tempo e ainda é, de certo modo. Mas depois de passear por outros mundinhos virtuais, tomei consciência de que o público é conquistado por palavras, e não por gadgets e widgets e eticeteradgets. Certo, certo, é bem verdade que eu achei que o blog ficaria mais elegante, limpo, aberto, não sei explicar, com um destaque maior e quase total para as postagens, devidamente organizadas, centralizadas e outros adjetivos. O que importa é que estou satisfeito. E o que importa é o que importa. Um lugar para se ler e para se ler. Para comentar, se estiverem à vontade mas, principalmente, para se ler. Espero que estejam satisfeitos também, porque no final, esse é o 'nosso' lugar.
Sem barulho, sem aperto, sem excessos, sem sidebars.

domingo, 6 de maio de 2012

Sem molduras

   - Não, deixa assim. Você não precisa emoldurar, eu já disse. É, eu quero pendurá-lo sim, mas... Não teria um jeito de... Bom, o melhor então é deixar como está. Acho que, no fundo, o que realmente importa é aquilo que já alcançamos. A pintura de nós dois ficou linda, não ficou? Parece-me mais seguro guardá-la conosco e deixar as molduras vazias, mesmo que ninguém mais a veja, mesmo que ninguém saiba que ela existe. Ei, nós sabemos! É a nossa pintura; é o nosso segredo. Sempre que atravesso esse corredor, sinto uma vontade enlouquecedora de ver os traços da nossa história por essa paredes, desvendados, sem mistérios. Talvez emoldurar seja mesmo uma saída. Mas ainda assim, deixemos a toalha sobre a mesa. Uma decisão como essa pode ser tão emocionante quanto perigosa. É, deixa assim. Sem molduras, sem pregos, sem público...
... por enquanto.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Boa tarde, nostalgia

   E de repente eu me pego ouvindo aquelas mesmas músicas que eu costumava ouvir quando a música era suficiente pra tornar abstratas as responsabilidades. Me pego pensando naquelas mesmas garotas que eu costumava pensar quando pensar nelas era suficiente pra tornar concretas as minhas maiores inspirações. Sem perceber, acabo agindo como um menino de 12 anos - ou como o Gabriel de 12 anos. Sem perceber, acabo olhando o mundo com os olhos daquele garoto, e esqueço que o tempo também modifica os olhares - por indução, apenas. Percebendo, me deixo levar pela ingenuidade que um dia existiu e que um dia eu não mais terei, talvez. Acho que, na verdade, eu luto contra o tempo. Luto para aproveitar cada gota de suór que derramei durante os piques e repiques sob o Sol. Luto por cada descoberta 'incrível' pelas explorações no quintal de casa - e da casa da vovó. Luto pelos bonecos de massinha e pelas naves espaciais feitas de lego; pelos álbuns de figurinhas e pelos ursos que ganhavam vida se alimentando apenas do que eu podia imaginar. Luto pelas aventuras e pelos desafios mas, principalmente, pelos meus parentes e amigos. Por eles eu luto no passado e no presente, e até mesmo no futuro. Nostalgia é uma palavra tão elegante que esconde com perfeição o significado triste que carrega. Falar do passado é nostálgico (ao menos do meu). E toda essa atmosfera me traz uma outra palavra (e essa não possui fachada formal): medo. Medo sim, de perder aquelas coisas que me faziam tão bem; medo de não poder voltar atrás e ouvir - com as mesmas sensações que me moviam - aquelas velhas músicas que me dispersavam tão facilmente; medo de não poder voltar atrás e pensar - com a mesma intensidade - naquelas garotas que me inspiravam, me faziam criar e viajar; sonhar, amar e voar. Entretanto, tudo isso me conforta ao passo que se distancia. Afinal, é preciso dar espaço a outros sons, outros gostos, outras formas. É necessário conhecer enquanto o tempo te arrasta pelos campos da vida. Quanto menos pensamos no passado, mais de nós se concentra em produzir o presente. Eu ainda posso ouvir as velhas músicas de antes, mas já não são essas as que mais me atraem. Também sou capaz de pensar nas garotas nas quais pensava, mas os sentimentos já não são os mesmos. O tempo passa e nos faz passar com ele. Sinto saudades sim daquele tempo, mas sou feliz vivendo este. Afinal, tenho certeza que quando isso passar, vou olhar pra essa época com os mesmos olhos que hoje enxergo as que passaram. O problema do ser humano é que ele não vê o quanto é feliz - ou o quanto poderia ser - enquanto está vivendo, mas somente após ter vivido esse tempo.

   A nostalgia só visita a quem conhece (e reconhece) a felicidade.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Desconstruindo

  Tudo tem seu oposto. Assim como o dia se opõe à noite e o claro opõe-se ao escuro, os fatos têm seus desfatos. As cores têm seu inverso, os números também os têm. Para todo som existe um silêncio tão intenso quanto. A toda ação associa-se uma reação. O teto é oposto ao chão. Até o 'todo', em si, existe em conformação com um 'nada' determinado. O que me atrai são as diferenças. Gosto do preto e gosto do branco e gosto de quando os dois se combinam. Gosto do céu, gosto da terra, gosto do mar. O mais lindo, porém, é aquilo que os três constroem juntos: é o conjunto. Me apaixono por garotas tão opostas a mim quanto o leste é do oeste ou o Amapá é do sul. Meu coração bate por caroços de abacate que nascem em cajus. É assim que se mantém o equilíbrio, afinal. Pois digo e repito: tudo tem seu parecido. Tal como um de nossos pés se parece com o outro ou como a porta do quarto se parece com a da sala, também um japonês se assemelha a um coreano. Dois políticos se parecem assim como os dólares que possuem. Como o sossego, há a paz. As semelhanças é que me atraem. Gosto do meu nome e de todos os quais a ele se comparam. Gosto de aproximar pro 0 o 0,1. Me apaixono por garotas com tanto em comum - tanto quanto as torres tinham enquanto eram gêmeas, ou quanto o primeiro 1 se parece com o segundo em um placar de empate. Meu coração bate por caroços de abacate que nascem em abacates. Eu gosto mesmo é de gostar das coisas. Diferenças e semelhanças se completam, aliás. São distantes e ao mesmo tempo próximas demais. Acho que eu gosto mesmo é de confundir. Mas o que seria da certeza, da clareza, do com-pre-en-sí-vel, se não fosse a confusão? Trata-se do equilíbrio, e de como ele trata de equilibrar-se pela corda bamba da humanidade. A dúvida é o anzol pro conhecimento. Será mesmo que tudo tem um oposto? Ou ainda que existe um semelhante a toda coisa? É interessante desconstruir uma idéia, mas a ação só se torna inteira se nos preocuparmos em construí-la novamente.  

O importante é ser comum na tentativa de ser diferente.

sábado, 3 de setembro de 2011

Acontece que a vida acontece

   É incrível a facilidade que certas coisas tem de simplesmente 'acontecerem'. A vida nem sempre nos avisa; nem sempre nos prepara. Estamos a todo momento sujeitos a mudanças e as mudanças, por sua vez, sujeitas a questionamentos. Nos questionamos sobre o tempo que muda, sobre nossa primeira conta a pagar, sobre um time que perde apesar das expectativas, sobre nosso primeiro amor; e sobre o segundo, e o terceiro.. Em outras palavras, nos questionamos sobre a vida, e sobre os sinais que ela parece nos mostrar e que, na maioria das vezes, não compreendemos. As coisas acontecem, é simples - ou deveria ser. O fato é que, no fim, quando percebemos que ninguém mais tem as respostas que precisamos, olhamos para nós mesmos, na esperança de encontrarmos, em algum lugar lá dentro, aquilo que pode cessar nossas dúvidas. Acabamos não notando que Deus sempre esteve conosco, e que não adianta buscarmos respostas imediatas, pois só o tempo vai nos revelar todos os 'porquês', na hora que Ele julgar correta. Deus nos deu a capacidade de procurar assim como deu aos fatos a de se esconder - enquanto for necessário. Acontece que tudo acontece porque tem que acontecer, seja lá o que aconteça. Pode parecer que estamos presos a um caminho se pensarmos assim, mas ora, desde que não saibamos o final, o enredo é completamente inédito. Somos personagens de um filme cujo roteiro desconhecemos, pois quem escreveu fez questão de não revelá-lo. Ele sabe, nós não. E enquanto for assim, as coisas vão continuar acontecendo, e nos resta esperar; esperar pelo melhor, preparados para o pior, aceitando o que vier. Se há algo engraçado na vida, é o fato de ela existir! E acreditar nisso torna tudo muito mais interessante. 'Seja' feliz sempre, mesmo quando não 'estiver' feliz. Feche os olhos sim, mas saiba exatamente a hora de abrí-los. Viva cada dia como se fosse o último - e como se fosse o primeiro. Observe como as coisas acontecem e aprenda a fazê-las acontecer. Seja você em cada palavra que diz, em cada olhar que lança, em cada segundo que vive. E quando os fatos chegarem, por mais que não esperemos, que estejamos prontos pra recebê-los como parte da nossa história, sejam eles agradáveis ou não. É uma vida que vivemos, não uma utopia. Caímos para que aprendamos a levantar, levantamos para que aprendamos a andar, andamos para que aprendamos a correr atrás daquilo que nos faz realmente bem. Enquanto aprendemos com os fatos, que as coisas continuem a acontecer; e não esperemos que a vida nos avise e nos dê datas, pois ela já estará ocupada demais nos ensinando a viver.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quantos nós somos?

   É, essa é a pergunta: quantos nós somos? E não me refiro a nós, eu e você, mas a cada um de nós, em particular. Descriptografando, quantos 'eus' existem em cada 'eu' existente? Eu diria que vários. Claro que não tão concretos quanto o que vemos, mas existindo, em sua forma ou deforma, dentro do que chamamos de mente. São o grupo de propriedades que nos definem, e cuja participação (para mais ou para menos) nos diferenciam do resto da espécie. Há quem diga que somos feitos de bem e mal; e que acabamos desenvolvendo, durante a vida, um desses lados com maior destreza. Mas ainda me parece uma idéia vaga. Pensar que temos algo de inteira bondade e ao mesmo tempo o puro oposto, em uma guerra pela posição principal em algum lugar dentro de nós. Não tenho certeza, mas prefiro considerar que somos uma mistura de naturezas primitivas (que vieram conosco) e de princípios adquiridos no decorrer de nossa história. Sim, é como se ao invés de xícaras de açúcar e litros de leite, fôssemos feitos em proporções de simpatia, carisma, humildade, sinceridade, e assim por diante (considerando seus respectivos antônimos, é claro). Dependendo do momento em que vivemos e das sensações às quais ele nos remete, somos inclinados a 'por pra fora' alguns eus que, em condições normais, repugnamos. Talvez o conhecido arrependimento se baseie nisso, em percebermos que poderíamos ter evitado uma ação de um alguém de quem não nos orgulhamos em possuir. O orgulho (bom), por outro lado, seria uma comemoração interna de uma exposição bem-sucedida de uma dessas personalidades. O fato é que parecemos ser (e aí podem me julgar como quiserem) uma comunidade muito vulnerável de pessoinhas específicas, lutando para levar à tona sua voz, que ficam mais fortes e visíveis a depender da situação em ocorrência. Às vezes somos preguiçosos demais, corajosos demais, egoístas demais, que parecemos nos surpreender conosco. Minha teoria é que essas pessoas sempre existiram, esperando o momento em que se elevariam e seriam percebidas por nós e pelos que nos cercam. Isso me lembra a questão da bipolaridade, cuja causa encontra sentido se considerarmos um desequilíbrio em nossas personalidades. Imaginem um conflito entre todas essas características. Me parece suficiente para que alguém demonstre certa 'inconstância' de vez em quando. O que quero dizer é que pode ser bem complicado lidar com tantos agentes mentais ao mesmo tempo, tentar controlá-los e decidir qual liderará cada momento. É mesmo uma tarefa árdua, porém importante. Um conselho? Vire amigo de todos! Sim, é mais fácil de fazê-los respeitar-nos. Até o pior de nossos 'eus' apresenta menos resistência quando tratado bem; e aí fica muito mais fácil ditar a hora e a situação em que queremos que atuem. Bom, não vou negar que a minha parte paciente aqui dentro não é muito aguçada, então de vez em quando nós nos desentendemos, sabe? Eu e meus 'amigos'. Mas é coisa de segundos (mesmo). Na maioria das vezes nós trocamos conselhos e nos divertimos, podem acreditar.
   Bom, alguém aqui dentro me diz que é hora de parar de escrever. É difícil acreditar, mas alguns desses Gabriéis são um tanto quanto chatos em alguns momentos. Mas, de qualquer jeito, foi bom falar um pouco sobre eles - ou nós. Só que melhor do que isso foi poder escrever com todos ao mesmo tempo, fiscalizando e providenciando pra que não sejam 'explicitamente' atacados. É divertido, como eu disse. Lamento apenas não poder responder a pergunta que entitula esse post. Nem mesmo a matemática pode me ajudar a dar um número exato que responda a questão. Então tirem suas próprias teorias e conclusões a partir daqui. Ou simplesmente não considerem qualquer coisa aqui escrita. Infelizmente não posso provar minhas especulações, nem mesmo posso dizer que são prováveis. Mas uma coisa é certa: se eu fosse associar um número, de um a dez, que representasse a quantidade de certo 'eu' dentro de mim, o curioso não receberia menos de sete. Portanto, a busca por essas respostas não acaba aqui - não pra mim. E acreditem, se um dia eu puder, em uma viajem louca pelo inconsciente, achar uma forma de desvendar isso tudo, eu revelarei a vocês. Por hora é o que eu tenho a dizer. Ou melhor, é o que eu posso dizer; esse assunto renderia mais umas vinte postagens. Espero não ter explorado muito do seu lado paciente já que leu até aqui, mas do seu lado reflexivo. E por que não dizer do seu lado curioso também? Talvez um dia possamos responder a primeira pergunta da matéria; isto é, se a resposta realmente existir.

sábado, 16 de julho de 2011

Como você pensa?

   Por muito tempo – muito mesmo – eu carrego uma dúvida curiosa e aparentemente sem resposta. Eu não sei se já pensou nisso, mas deve concordar que é uma questão interessante: como você pensa? Pergunte-se mentalmente, como se perguntasse a outro alguém. Sabemos como pensamos, mesmo que não possamos explicar, mas saber como o outro pensa é uma questão a se pensar. Isso porque nada é igual dos dois lados da TV. Aqui, do lado de fora, não há como ler mentes e prever ações. É engraçado tentar imaginar o modo como as pessoas desenvolvem esse atributo. 
   Tentando explicar o meu ponto de vista [ou de pensamento], algumas coisas passam como janelas de mensagem aqui dentro, outras passam em flashes, algumas vem como em quadrinhos e outras, mais longas, aparecem como um filme, onde eu posso ser um personagem, um espectador ou apenas o diretor. Dê-me umas músicas e está pronta a trilha sonora, enquanto as imagens reproduzem-se no grande cinema de ilusões. Outras vezes, quando o tema é tomar decisões, então o universo aqui dentro se divide em todos os ‘eus’ que existem em mim [assunto do próximo post], rodeando uma grande mesa onde as questões são apresentadas e discutidas. Em outras palavras, esse é o meu jeito ‘sala de reuniões’ de pensar.
   Por outro lado, quando preciso de um conselho que sei que só eu posso dar, então chamo o Conselheiro e juntos chegamos ao que se chama de ‘suposto melhor caminho’. Nesse ponto, a mesa de reuniões sai de cena e da lugar a algo como um divã – eu prefiro a versão da sala de estar com a mesinha de biscoitos. Há também o modo ‘página em branco’, especial para os momentos onde tudo o que eu quero é simplesmente parar e não pensar em nada. Quando, porém, me dedico à minha doce matemática, a assuntos científicos, acadêmicos ou relacionados à lógica, minha mente se transforma em um grande quadro-negro, onde eu me sinto livre pra escrever equações, fórmulas, calcular incógnitas, resolver problemas e outras variáveis. 
   O modo ‘descontração’, por sua vez, é um dos meus preferidos, onde eu posso pensar livre, com todos os ‘eus’ dos quais tiver vontade, sem preocupações, conversando com eles como se com um amigo. Esse é, ao mesmo tempo, o tipo mais confuso e desorganizado entre todos, pois aqui não há uma ordem de imagens, nem uma reunião de cadeiras marcadas, nem mesmo uma sala arrumada com uma mesa e biscoitos. Quando penso descontraído, acabo sendo distraído. Aí, então, tudo se movimenta ao mesmo tempo, com flashes, filmes e janelas, vozes e música, assuntos sem nada em comum encontrando-se em meio à festa. É uma bagunça; uma bagunça divertida. Quando inspirado, o recurso ‘caixa de texto’ se torna presente. É quando os versos e composições começam a ser escritos, quase que involuntariamente, com a ajuda de alguns ‘eus’ que entendem bem do assunto. Deixei pra falar por último [o que não significa que não haja outros] sobre o meio de pensamento no qual eu passo bastante tempo, inclusive enquanto produzo meus textos [quando não são obras de inspirações específicas]: o modo ‘oficina’. É aqui onde acontecem as grandes produções, de onde vem as idéias e algumas descobertas. É como a fábrica de brinquedos do Papai Noel, um lugar mágico e incrivelmente grande, que exige, na maioria das vezes, um esforço ‘a mais’ do meu universo mental; esforço que vale a pena, eu digo. É no modo ‘oficina’ onde eu guardo minhas criações mais interessantes. É onde eu me sinto bem expondo minhas idéias – todas elas, mesmo as que eu me sinto tímido para exteriorizar. Aqui, até meu ‘eu’ mais preguiçoso se anima a trabalhar. Ta, vamos prosseguir sem hipérboles: é o lugar onde os menos dispostos não tem vez
   Essas são apenas algumas das atmosferas geradas e que movem as engrenagens do grande Pensador. São as responsáveis pelas chamadas ‘atividades mentais’ e, entre nós, onde eu passo a maior parte do tempo. Bom, isso fui eu tentando explicar como eu penso. Mas e você, como pensa? Afinal, essa é questão que me prende. Será que todos temos um padrão de pensamento, ou este é individual, criando em cada um uma atmosfera totalmente peculiar e distinta de todas as outras? Gostaria de, um dia, poder desvendar o que se passa além da carne e, ainda mais interessante, como isso acontece. Será que todos pensamos antes de dormir ou quando tomamos banho? Será que da mesma forma, independente do assunto que se pense? Ou quando estamos totalmente desligados, olhando pro nada, será que estamos dentro de mais um padrão mental? São questões complicadas, mas que eu me animo em poder compartilhar. É muito bom poder botar tudo isso pra fora, após ter imaginado em uns flashes, discutido na sala de reuniões, perguntado ao Conselheiro, planejado no quadro-negro, desenvolvido na caixa de textos e, finalmente, finalizado e embalado na grande oficina. Afinal, não seria justo uma discussão como essa terminar na solidão de uma página em branco. Então pense, pense mesmo, note como é seu modo de organizar essas idéias e tente perceber como os demais fazem isso. Pense sim, da forma mais descontraída que puder, antes de levar o assunto a um patamar mais ‘sério’. Só cuidado para não se distrair, porque por mais divertido que seja, isso nunca vai te levar a um foco.
   Agora é sua vez de me dizer: como você pensa?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mudanças

   Confesso: eu nunca fui um admirador de mudanças - se tomarmos a palavra em seu sentido geral, não particular. Afinal, há coisas cuja mudança me parece essencial (e aí eu prefiro chamar de atualizações). Eu sei, estamos em constante transformação enquanto vivemos, mas há coisas que eu demoro a aceitar perante o assunto. O exemplo mais fiel e presente é o fato de mudar-se localmente; a idéia me causa repulsa. Acho que posso dizer que pensar nisso me deixa mal. Imaginar a reconstrução da vida, deixando tudo e todos aqueles com quem eu me sentia ‘em casa’, me parece um tanto pesado. Claro que, dependendo do novo lugar, o contato com tais pessoas não se perderia. Mas sua redução já seria suficiente pra descartar a idéia. Em outras palavras, minha casa é o meu lugar. Nem preciso dizer como era ter que mudar de escola (e acreditem, eu fiz isso pelo menos sete vezes). Eu já recusei a transferência pra um colégio ‘melhor’ por causa da fobia de me ver longe das pessoas com quem eu vivia quase todos os dias. É, certas mudanças me dão medo – as relacionadas aos sentimentos talvez sejam as piores. De chato chega a ser triste aceitar que um sentimento no qual você acreditava cegamente já não parece estar tão vivo. Bom, esse é o tipo de alteração que te faz levar um tempo até perceber que foi necessário; ou que foi um erro. É um assunto complexo, eu digo, e que nos remete a uma cadeia de outros tópicos, cujo conteúdo prefiro deixar para outras ocasiões.
    Retomando a questão, acho que eu falei no início sobre um tipo essencial de mudanças, não é? Ah sim, as atualizações. Bem, acho que eu não teria argumentos contra essas; se tivesse, eles não seriam muito sensatos, já que estou, enquanto escrevo, produzindo ‘algo novo’ para este endereço. Em outras palavras, estou atualizando. Mudar a imagem do perfil no Orkut, trocar o subnick do MSN, publicar um post em um blog, cortar o cabelo, vestir uma roupa nova, pintar a parede do quarto: todas essas representam uma camada peculiar de mudanças, tão comuns que não precisamos de tempo pra nos habituar a elas. São, ao mesmo tempo, mudanças necessárias, importantes em seu teor. ‘Atualizar é necessário’, tal como dizia... Bom, muita gente já deve ter dito isso, mesmo que não se tenha registrado. Enfim, é bom voltar aqui e poder arrumar um pouco a bagunça, tirar o pó do carpete e deixar mais uma marca pelas paredes – atualizações. Nada que me afaste de vocês; pelo contrário: por aqui, a falta de mudanças é que me torna distante. Além disso, tratando-se de um ‘retorno’, o assunto veio como se previamente pensado – não que não tenha sido. Espero que durante esse tempo não tenham esquecido o caminho até aqui. Foi um tempo fora, apenas um tempo fora.

   Porque a idéia de mudar daqui também me causa repulsa.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sãos e então salvos

   E a mulher que comprou o Sol? Usucapião? [    ...    ] Às vezes o mundo me faz parecer tão normal.  Di-ver-si-da-de: é o que nos leva à cultura. A-li-e-na-ção: o que nos leva à loucura. É fácil integrar-se à multidão: vista uma calça amarela e cubra um dos olhos com uma franja lambida (nada contra, é claro). Difícil é criar seu próprio estilo! Sim, as modas fazem parte da nossa cultura, são importantes, desde que contribuam para a variedade cultural e não para um estilo único (a menina do Planeta 13 pode falar melhor sobre isso do que eu). As tendências são interessantes a partir do momento em que seus seguidores tiram delas influências para a criação de faces próprias - não queremos clones! Não precisamos de outros Michael Jacksons, Lady Gagas, Pedro Lanzas. Precisamos de indivíduos [Indivíduo (do latim individuu) – 1. A pessoa humana com suas particularidades físicas e psíquicas que a tornam única.]. Somos únicos; ou deveríamos ser. Voltando à loucura, ela pode ser dosada e convertida. Sim, a loucura. É possível que a mesma interfira em nosso caráter, a fim de nos tornar diferentes sem prejudicar nossa sanidade mental. Falei anteriormente de uma loucura ligada à alienação. Pois bem, essa deve ser evitada, pois tira de nós a capacidade de controlar nossas ações e, portanto, a capacidade de gerar diversidade. Ou ainda que, mesmo conscientes, nos faz agir de forma insensata, sem uma razão, apenas por um momento de atenção global ou... ah, vai entender. Comprar o Sol? Onde está a razão nisso? Somos quem somos pelo que pensamos e fazemos. Somos os réus no Supremo Tribunal da Vida e nossas ações, as advogadas. Cabe a nós definir se atuarão em  nossa defesa ou acusação. Às vezes acho que sou louco. Quando paro pra pensar, porém, vejo que só estou tentando usar da loucura - em suas pequenas doses - para me sentir diferente. Acho que no final isso é normal. E aí me sinto de novo um fracasso na produção de uma pariticularidade mais espessa e detalhada, que me permita diferenciar, com fiéis argumentos, todo o mundo de mim. Talvez eu esteja errado e a ampla diversidade de estilos possa não ser a melhor escolha. Talvez as semelhanças sejam a porta para o progresso social. Uma coisa, contudo, é certa: devemos estar sãos, independente das diferenças ou conformidades, para produzirmos e preservarmos nossa cultura. Só assim, então, estaremos prontos para assumir nossos papéis de seres pensantes. Certo, vale acrescentar uma pitada de delírio de vez em quando - de vez em quando. Nossas idéias são o que realmente movem o mundo. Imaginem, daqui a uns anos, termos que pagar impostos pelo calor do Sol ou pelo ar que respiramos! Pensando bem, usar calças amarelas não é tão ruim assim.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A gente nasce, cresce e... discorda

Há quem diga que tudo acabará em 2012; ou, de forma menos subjetiva, que o fim apenas está próximo. Bom, eu discordo. Como é que tudo pode terminar assim, de uma hora para outra? Eu acredito que Deus, visando, em uma das inúmeras perspectivas, ocupar o tempo do homem, deixou de presente uma infinidade de mistérios a se descobrir - até para que não sintamos necessidade de entender seus próprios mistérios. Desse modo, a humanidade vem se baseando em descobertas, invenções e corridas por novas formas de desenvolvimento. Assim como o homem, outrora, não podia imaginar a existência de outros continentes, de realidades além-mar, assim como o índio, para o europeu e, por consequência, o europeu para o índio, representava uma figura totalmente surreal, ainda precisamos desvendar as lacunas do além-Terra, as possíveis "vidas extraterrestres"; talvez o universo não seja tão uni quanto pensamos ser. Enfim, não podemos considerar a idéia de que todas estas criações não despertas, segundo a visão humana, podem ser, como alguns acreditam, apagadas. A humanidade ainda precisa crescer - e crescer muito - até que se possa levar à discussão um hipotético desaparecimento total. Seria ilógico que se permitisse, pela Entidade Maior, tal desperdício. O mundo poderá morrer depois que não houver mais conhecimento a ser adquirido e, cá entre nós, isto está no mínimo longíssimo de tornar-se fato - se, ao menos, se tornar. Podemos sim estar próximos de uma terceira guerra mundial, no entanto, ainda que esta aconteça, é muito improvável que a humanidade, em massa, seja exterminada, mesmo com todas as novas tecnologias terroristas e ameaças atômicas. O mundo precisa avançar, assim, não podemos ser interrompidos por um ponto final, uma vírgula talvez, só não um ponto. Pela boca do homem, o mundo já deixou de existir outras vezes. Não é um calendário de pedra de mais de dois mil anos de idade que definirá, agora, o fim de nossa história. Precisamos acreditar em nossa evolução, precisamos acreditar no alcance de novos conhecimentos, pois nosso verdadeiro fim está nas mãos de Alguém que não parece desejá-lo em um momento tão importante de nossa linha evolucionista. Ao menos, não é o que eu desejaria para meu filho em seu momento de descobertas. Há quem diga que o fim está próximo. Eu... discordo.

domingo, 15 de agosto de 2010

A velha história do patinho feio

Outro dia estávamos nós três - eu, minha consciência e meu violão - discutindo sobre quem tinha maior capacidade de raciocínio. Eu, como sempre, comecei me defendendo, argumentando que sem mim, nenhum deles funcionava. Usei então a questão dos conjuntos, em menção à minha paixão platônica, minha abstração preferida, minha sempre bela mathematĭca (Ah). Bom, como dizia, nos pus como conjuntos e expliquei que, como tais, eles seriam apenas partes do todo (eu), e sendo assim, qualquer característica deles - inclusive a racionalidade - seria minha também, porém muito mais desenvolvida. Minha consciência, não concordando com a teoria, me fez pensar que dela derivava toda minha atividade mental e, portanto, meu raciocínio. Apresentou ainda a idéia de que, quando se trata de cálculos, por exemplo, eu sou um grande "colador" (imagina). Ela nos induziu a acreditar que é ela quem chega às respostas e que eu apenas verbalizo o que a pobre teve o trabalho de desvendar (como eu poderia?). Isaac, o violão, apenas observava, mantendo-se - não sei por que motivo - em profundo silêncio. Então voltei a falar, defendendo agora as atribuições às quais apenas eu, dentre os três, tinha acesso. Disse que, a partir da minha capacidade racional, eu era o único entre nós que podia falar, me mover e decidir sobre o destino do meu corpo. Podia, assim, relatar toda nossa discussão em texto se quisesse. A dita cuja, não se dando por vencida, concordou em um primeiro momento, mas logo usou a minha tese como um critério contra mim. Me fez lembrar que eu realmente podia dirigir meu corpo, entretanto ele não funcionava durante todo o tempo. A esperta me fez lembrar que eu dormia, e nessas horas meu corpo não era mais produto de qualquer raciocínio. Minha consciência, por outro lado, continuava desperta, criando realidades paralelas enquanto eu permanecia em estado de recarga. Sem argumentos que corrompessem tal fato, propus então um desafio. Enquanto isso, via-se o instrumento imóvel, em constante observação - quieto. O desafio consistia em uma prova de raciocínio rápido e importância. Em explicação, aquele que conseguisse, por qualquer meio, desenvolver mais rápido uma forma de mostrar ao outro que sua importância e conservação eram de grande valor para os demais, provaria sua maior capacidade mental e um ligeiro valor de destaque perante os adversários. Após a confirmação de todos - inclusive de Isaac, pois quem cala consente -, a disputa teve início. Foram-se alguns quartos de minuto e o desenlace parecia distante. Eu podia sentir a consciência palpitar, como se lá dentro houvesse um homenzinho nervoso tentando desenvolver fórmulas em folhas de papel para tal impasse. Foi então que decidi manifestar-me: não havia solução. A consciência parecia concordar, e estando nós prontos para considerar igualdade de raciocínio, eis que, sutilmente, meu violão começou a deslizar a cabeça na parede, em uma redução angular em direção ao chão. A queda parecia cruel. De impulso e dessa vez sem precisar de muita lógica, minha consciência ordenou e, meu corpo, sem titubear, deslocou-se em velocidade incomum para impedir o tombo do instrumento. Por pouco, consegui salvá-lo. Então, após o alívio, minha consciência e eu, juntos, paramos para refletir. Eis que ela achou graça e eu, em acompanhamento, movi alguns músculos em um sorriso peralta. Tínhamos acabado de perceber que o violão, após todo aquele tempo em silêncio e observação, mostrara ali sua importância perante os ditos "pensantes". Seu valor era tão importante que qualquer raciocínio fora dispensado naquele instante. Com apenas um movimento Isaac nos convenceu de sua superioridade metal e, mais do que isso, de sua alta valia para nós. Ficou evidente que a aparente habilidade lógica não é a principal característica de um ser - ou de sua consciência -, mas sim o que o faz querido pelos outros. Bom, talvez eu ainda consiga vencer minha consciência em um desafio maior, quem sabe?! Talvez em um jogo de xadrez, ou em uma atividade mais... física. ;)

Obs.: desta vez, sem Isaac.

Acordar...

... e então perceber que tudo não passou de um sonho e que, a partir de agora, tudo o que você fizer trará consequências reais para sua vida. Acordar, do latim accordare (a = aproximação; cordis = coração), em outras palavras, uma união de corações. Sim, há um outro significado para a palavra, porém há uma analogia que me permite relacionar tal etimologia. Acordar para a vida, estar pronto - mesmo que não esteja - para um reencontro com o mundo, com outras realidades, com outras vidas, com outros corações. Acordar é sinal de coragem, uma coragem, entretanto, involuntária. Afinal, é preciso coragem para deixar um sonho, sair do país das maravilhas para encarar a guerra dos mundos. Acordar é mais que um simples "abrir os olhos", é abrir mente e coração, é dar espaço para que outras mentes e corações interajam com as nossas (mais uma vez, accordare), é deixar a brincadeira para ir - pois já está na hora - trabalhar. Acordar, ainda de manhã, recebido cordialmente por simpátcos raios de sol, ou por um frio aconchegante, que insiste em te manter na cama. Acordar, pela tarde, e perceber que dormiu demais, ou que poderia ter dormido mais. Acordar, sob o marinho azul de um céu estrelado - se não, escondendo seus tão preciosos astros - e notar que deixou de fazer coisas importantes, ou que simplesmente poderia ter feito. Em sentido figurado, ir à luz, nascer por escolha sua, quer dizer, de forma involuntária, se é que me entende. Acordar é, portanto, fundamental, ou melhor, necessário. É a primeira ação do seu dia e de todos os outros, até que não se acorde mais. Bom, enquanto isso não acontece, lembre-se apenas de uma coisa: acordar ou não não depende de você, no entanto, as ações que você pratica entre um acordar e outro, essas sim, além de dependerem de sua vontade, são definitivas para aproximar ou distanciar aqueles aos quais o seu acordar realmente importa. Apenas assegure para que o accordare não se rompa e, somente então, poderá dormir e, por ações independentes, acordar com sua consciência em estado de paz.