terça-feira, 27 de setembro de 2011

Boa tarde, nostalgia

   E de repente eu me pego ouvindo aquelas mesmas músicas que eu costumava ouvir quando a música era suficiente pra tornar abstratas as responsabilidades. Me pego pensando naquelas mesmas garotas que eu costumava pensar quando pensar nelas era suficiente pra tornar concretas as minhas maiores inspirações. Sem perceber, acabo agindo como um menino de 12 anos - ou como o Gabriel de 12 anos. Sem perceber, acabo olhando o mundo com os olhos daquele garoto, e esqueço que o tempo também modifica os olhares - por indução, apenas. Percebendo, me deixo levar pela ingenuidade que um dia existiu e que um dia eu não mais terei, talvez. Acho que, na verdade, eu luto contra o tempo. Luto para aproveitar cada gota de suór que derramei durante os piques e repiques sob o Sol. Luto por cada descoberta 'incrível' pelas explorações no quintal de casa - e da casa da vovó. Luto pelos bonecos de massinha e pelas naves espaciais feitas de lego; pelos álbuns de figurinhas e pelos ursos que ganhavam vida se alimentando apenas do que eu podia imaginar. Luto pelas aventuras e pelos desafios mas, principalmente, pelos meus parentes e amigos. Por eles eu luto no passado e no presente, e até mesmo no futuro. Nostalgia é uma palavra tão elegante que esconde com perfeição o significado triste que carrega. Falar do passado é nostálgico (ao menos do meu). E toda essa atmosfera me traz uma outra palavra (e essa não possui fachada formal): medo. Medo sim, de perder aquelas coisas que me faziam tão bem; medo de não poder voltar atrás e ouvir - com as mesmas sensações que me moviam - aquelas velhas músicas que me dispersavam tão facilmente; medo de não poder voltar atrás e pensar - com a mesma intensidade - naquelas garotas que me inspiravam, me faziam criar e viajar; sonhar, amar e voar. Entretanto, tudo isso me conforta ao passo que se distancia. Afinal, é preciso dar espaço a outros sons, outros gostos, outras formas. É necessário conhecer enquanto o tempo te arrasta pelos campos da vida. Quanto menos pensamos no passado, mais de nós se concentra em produzir o presente. Eu ainda posso ouvir as velhas músicas de antes, mas já não são essas as que mais me atraem. Também sou capaz de pensar nas garotas nas quais pensava, mas os sentimentos já não são os mesmos. O tempo passa e nos faz passar com ele. Sinto saudades sim daquele tempo, mas sou feliz vivendo este. Afinal, tenho certeza que quando isso passar, vou olhar pra essa época com os mesmos olhos que hoje enxergo as que passaram. O problema do ser humano é que ele não vê o quanto é feliz - ou o quanto poderia ser - enquanto está vivendo, mas somente após ter vivido esse tempo.

   A nostalgia só visita a quem conhece (e reconhece) a felicidade.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente com o " o ser humano não consegue ver o quanto é feliz enquanto está vivendo" as vezes fico pensando, daqui a alguns anos, vou sentir falta de 'hoje', hehe. Adorei o texto, faz a gente voltar pra infância. Beijo.
    _____________
    http://classicheap.blogspot.com/

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  2. Exatamente! Mas pensar que vamos sentir falta de 'hoje' significa que vivemos bem, isso é bom. HA' Que bom que gostou :) Outro!

    E to passando por lá, menina da moda ;D

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  3. Se pode tirar bastante frases daqui hein. Eu devo admitir : "Nostalgia é uma palavra tão elegante que esconde com perfeição o significado triste que carrega.[...]só visita a quem conhece (e reconhece) a felicidade."
    =D Parabéns!!

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